SPA Grand Hotel Açores Atlântico

Localização Ponta Delgada

Ano de conclusão da obra 2024 – em apreciação

Área total construída 500m²

Cliente Açores 2000, Sociedade De Desenvolvimento Turístico Dos Açores, S.A.

Aquando da elaboração do SPA do Grand Hotel Açores Atlântico, entendemos que a nossa proposta deveria seguir o conceito já adotado pelo Hotel. Os interiores do Grand Hotel Açores Atlântico têm uma forte inspiração naval, que surge da tradição centenária do Grupo Bensaude no que se refere à navegação do Atlântico. A influência marítima e naval está intimamente atada à Empresa Insulana de Navegação, que pertenceu ao Grupo Bensaude por quase 100 anos, sendo esta o conceito basilar do Hotel. Todo ele respira uma essência genuinamente naval e marítima, onde se conta a história da empresa através das peças raras e únicas – como o telégrafo ou o capacete do escafandro, entre outras, imagens e fotografias, bem como variados registos que se expõem pontilhadas pelo Hotel.

A arquitetura respira um ambiente diretamente ligado às construções navais e à época do Mid Century, coincidindo com o apogeu da Empresa Insulana de Navegação, na década de 1960, com a encomenda do paquete Funchal, Ponta Delgada e do Angra do Heroísmo. Os conceitos Mid Century e Naval são efusivamente representados pelas madeiras escuras, em formato de prancha nas paredes, ou em formato chevron no pavimento, bem como pelo latão escovado, visível na escadaria do hall, portas do elevador, sinalética, misturadoras, puxadores, entre vários outros elementos.

Os materiais propostos seguem a linha dos conceitos definidos para o desenho do SPA do Grand Hotel Açores Atlântico. São materiais que definem a época do Mid Century e da arquitetura naval que compôs a frota da Empresa Insular de Navegação. Assim sendo, a cor Grand Hotel, a madeira de Nogueira, justaposta em tábuas, o dourado do Latão, que caracterizou a maquinaria e acessórios navais, vão ao encontro e continuação da linguagem cromática e arquitetónica do Hotel.

Ainda, os mármores como o Verde Alpi e o Travertino Navona, com forte conotação à arquitetura moderna, propõem enaltecer os espaços do SPA. De relembrar que a arquitetura moderna, corresponde a um movimento que se inicia no princípio do séc. XX, e que atinge a sua expressão máxima após a 2ª Guerra Mundial, indo até aos anos 60, e que se justapõe, precisamente, com a própria história da Empresa Insular de Navegação.

Por fim, o preto vem a ser proposto como uma tonalidade oceânica. A escuridão de elementos construtivos, como a piscina interior, entre outros que pontuam os espaços, propõem oferecer um efeito de profundidade. Acreditamos que a simbiose dos materiais sugeridos possam criar um resultado diferenciador, sem destoar com o conceito do Hotel.

Os materiais propostos resultam de um estudo aprofundado sobre os hábitos e costumes das gerações que integraram os primeiros anos do século XX até aos seus meados. De facto, as construções, intimamente associadas à sua época e classe social, são espelho da sociedade e das suas vivências.

Valorizar a história da Empresa Insulana de Navegação no Grand Hotel Açores Atlântico, é recuperar a nobreza dos materiais empregados nas construções navais e das construções dos hotéis construídos à época.

A madeira de Nogueira, aplicadas em tábuas, o Latão escovado, bem como os mármores Verde Alpi amaciado, ou Travertino Navona amaciado, são materiais construtivos representativos da época que se quer enobrecer.

“A verdade é que, faça o que o homem fizer, tudo o que ele faz tem por um fim anular o tempo, suprimi-lo, e a esta supressão se chama espaço”2.

A obra de arquitetura conserva a marca de um Tempo. Preserva o espírito de uma época, de uma cultura. O Grand Hotel Açores Atlântico, através da sua arquitetura e através dos seus conceitos bem vincados, impôs-se como uma referência. Assim, quisemos propor uma arquitetura que respeitasse a memória do lugar, através do recurso a materiais que evocassem e enobrecessem o Hotel, sem interferir na formalidade do lugar. A arquitetura não poderá ser apenas abrigo ou memória, deve também emanar do seu Lugar um espírito, uma cultura. Só assim é que se poderá dizer que aquela obra é uma obra de arquitetura.

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