Casa do Celeiro
Localização Ribeira Grande, Ilha de S.Miguel, Açores
Área total construída 291m2
Cliente Privado
No arruamento principal, a sul, temos a casa-mãe, de 1886, e uma ampliação com data de 1902. O celeiro, ladeado à ampliação, é da mesma época (embora tenha sofrido adulterações ao longo das gerações posteriores). O conjunto urbano, pela sua proximidade e conexão construtiva, identifica-se como telúrico, característico do lugar rural onde se insere. A norte temos, por sua vez, o terreno pontilhado de metrosíderos, encimado por um mirante.
Perante a dualidade vivida – construído versus natural – quisemos materializar um conjunto arquitetónico que se relacionasse com o meio rural existente através da criação de 2 volumes distintos, porém conectados.
Recriamos assim, o celeiro, onde explorámos as construções vernaculares tradicionais dos Açores, contudo com uma adaptação contemporânea. A ampliação do celeiro forçou a que este ficasse parcialmente suspenso sobre o terreno, mais baixo.
Por sua vez, a piscina e casa de apoio ficam no quadrante norte, com vista para o mar. Para que tal acontecesse, propôs-se baixar o muro limítrofe existente. A piscina, que por sua vez se eleva sobre o terreno existente, oferece um efeito infinito sobre a linha do horizonte, prolongando-se visualmente sobre o mar. Adotou-se uma conceção equilibrada e simétrica para a casa da piscina e casa dos arrumos, como se de templos greco-romanos se tratassem. Optou-se pelo uso de embasamento (para elevar a piscina), ladear a casa da piscina com uma escadaria simétrica e, por fim, pontuar colunas que sustentam uma arquitrave, criando espaço de alpendre para o solário da piscina.
O conjunto novo apresenta uma linguagem formal contemporânea, porém, com reminiscências clássicas, oferecidas pela simetria, ritmo, equilíbrio e escala humana. Pese embora a linguagem contemporânea seja diferente do desenho vernacular do celeiro, ambos se comunicam através de uma simbiose serena. Parece que a arquitetura sempre esteve lá.